1- O que a motivou a escolher a profissão de parteira e a especializar-se no parto domiciliário?
Desde muito nova que me lembro de querer ser parteira.
Não sei de onde veio a vocação, porque não tinha referências por perto, mas admirava tudo o que se relacionava com o mundo da “obstetrícia” e queria ser parteira desde o fundo do meu coração.
Eu era uma das poucas raparigas que tinha uma ideia clara do que queria ser quando fosse grande e foi assim que orientei os meus estudos.
Primeiro fiz enfermagem e, quando chegou a altura de me especializar, decidi fazê-lo noutro país, o Reino Unido, uma vez que era pioneiro no parto fisiológico e as parteiras eram muito valorizadas socialmente.
No Reino Unido, o parto domiciliário está incluído na carteira pública de serviços do NHS. Assim, a minha formação incluiu a assistência ao parto no domicílio, em casas de parto, centros de parto, unidades hospitalares, cuidados primários, centros especializados… Esta experiência variada ajudou-me a reafirmar a minha convicção de
que o parto no domicílio é onde as parteiras e as mulheres podem ser mais livres.
2. De acordo com a sua experiência, quais são os benefícios de optar por um parto em casa para a saúde da mãe e do bebé?
Não por convicção minha, mas por evidência científica, o parto em casa oferece muitos benefícios para a mãe e para o bebé quando falamos de mulheres saudáveis com gravidezes normais.
Sabemos que é uma opção válida e segura que traz menos risco de intervenções no parto (cesarianas, fórceps, extração por vácuo, episiotomias, uso de epidural, uso de ocitocina…), menor risco de complicações maternas (hemorragia pós-parto, infeção, lacerações perineais graves…), bem como taxas mais elevadas de amamentação e maior satisfação das mães com a experiência do parto.
Sabemos também que o parto em casa não acarreta maiores riscos para os bebés e que lhes oferece certas vantagens relacionadas com a microbiota e a saúde a longo prazo.
3. Na sua carreira de parteira, quais são os aspectos mais importantes dos cuidados pós-parto e do bem-estar das novas mães?
O pós-parto é a grande questão esquecida na nossa sociedade.
Querem que tenhamos filhos, mas não querem que sejamos demasiado notáveis e querem que regressemos à roda produtiva o mais rapidamente possível. E é precisamente o período pós-parto que exige o contrário.
É um período revolucionário, transformador e muito vulnerável das nossas vidas. Precisamos de ser cuidadas para podermos cuidar. Precisamos de apoio, empatia, compreensão e amor.
Muita tranquilidade e paz para recuperarmos fisicamente e nos encontrarmos emocionalmente.
É importante reconhecer que o bem-estar da mãe depende do bem-estar dos filhos. As mães são o pilar da humanidade, se não cuidarmos das mães, não há futuro possível.
4) Qual é a importância de escolher discos de algodão orgânico durante o período pósparto e como é que esta escolha pode influenciar positivamente o seu bem-estar?
Durante o período de quarentena, a mulher tem lóquios, uma perda de sangue que serve para eliminar os restos do parto.
Esta hemorragia, que pode durar até 40 dias, é completamente fisiológica.
Durante este período, o útero regressa gradualmente ao seu tamanho original e o colo do útero fecha-se. A zona vaginal pode ficar dorida e com cicatrizes.
Por este motivo, é importante manter uma boa higiene diária da zona e utilizar produtos tão naturais quanto possível e que respeitem a pele. A escolha dos pensos pode ser um fator determinante para o conforto e a cicatrização em caso de feridas.
A utilização de discos de algodão orgânico evita o contacto das nossas mucosas com produtos tóxicos e favorece a transpiração da zona. Por isso, sem dúvida, recomendo os discos de algodão orgânico de utilização única, como os da Farmaconfort, ou os discos
reutilizáveis.